Estranhas florações
Luiz
Martins da Silva ( * )
Exóticas floras, estranhas formosuras,
Brotam de um chão vermelho e calcinado.
Não parecem flores, não parecem frutos,
Estranhos contra um céu profundo, é o
Cerrado.
Estranhas formas, cada estranha criatura!
Casca grossa, cheiro forte, gosto ácido.
De tão estranhas nem parecem maduras,
Mais figuram como seres de um cretáceo.
Tudo aqui parecia estranho ao candango
E também aos que foram pioneiros.
A terra era óxida, as sementes medonhas,
Na própria casa pareciam estrangeiras.
Fui conhecendo e amando cada uma aos
poucos:
Guairoba, guariroba, cagaita, mangaba,
pequi.
Cada qual se apresentando com um nome mais
louco:
Articum, araticum, mamacadela, baru,
bacupari.
Agora, que já não causariam nenhum
espanto,
Foram-se, deram lugar a safras mais
domésticas.
Procuro em toda parte e não as encontro.
Saudosas espécies de extravagante botânica!
* Poeta, jornalista, professor
da UnB – vencedor do Concurso Nacional de Literatura Cassiano Nunes.
Poesia gentilmente cedida pelo autor.
Fotos: Evando F. Lopes
2 comentários:
Dois poetas. Luiz Martins da Silva nos encanta com palavras, Evando nos encanta com imagens!
Um belo e descritivo poema/depoimento de puro amor cerratense. E as imagens fazem com ele um contraponto deveras interessante - minhas congratulações aos dois poetas.
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