29 de abr. de 2011

Águia-cinzenta (Urubitinga coronata), majestosa, bela, forte e em perigo


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(O jovem individuo dos registros desta postagem foi fotografado na Estação Ecológica de Águas Emendadas, pelo fotógrafo da UC, Evando F. Lopes, em 16/03/2011)

A águia-cinzenta é considerada uma das aves mais potentes do Brasil, atingindo de 75 a 85 cm e pesando mais de 3 kilos, pertencendo à família Accipitridae, com o nome científico Urubitinga coronata. Conhecida por uns por águia-cinzenta e por outros como águia-coroada, ela apresenta uma plumagem cinza-chumbo, tendo penacho em forma de coroa. Além de ser naturalmente rara, atualmente essa espécie encontra-se criticamente ameaçada de extinção, constando nos livros vermelhos de animais ameaçados de todos os estados onde ela ocorre. Esta imponente ave vive no Cerrado, na Caatinga e em Campos Naturais, passando grande parte do dia pousada em galhos altos, postes ou até em cupinzeiros. Quando ela percebe a aproximação do ser humano, além de emitir uma forte e fina voz de alarme, costuma relutar em abandonar o poleiro, facilitando seu abate indiscriminado, o que somado pela perda de seu habitat por causa do avanço da agricultura, que vem levando esta ave a extinção.
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Outros fatores levam a crer que esta poderosa ave não será vista na natureza em um futuro próximo; necessitando de grandes presas e uma enorme área de caça para manter seu porte avantajado, esta ave prefere habitat aberto ou semi florestado, tornando-se alvo fácil de fazendeiros que a consideram prejudicial à criação de certos animais domésticos, pois pode facilmente abater uma galinha ou até animais maiores como um filhote de ovelha. Sua alimentação natural é constituída de aves, répteis e pequenos mamíferos. No período de julho a novembro constroem seu ninho com galhos secos nas árvores mais altas, um único ovo branco com manchas cinzas ou amarelas é postado por vez e este filhote que vem a nascer ainda depende dos pais por mais de um ano, isto significa que o intervalo entre os filhos vem a ser mais de 2 anos. Estudos no Parque Nacional das Emas registraram um mesmo casal em diferentes épocas do ano, o que nos leva a crer que estas aves são monogâmicas, sendo mais um agravante para sua reprodução, já que, quando individuo morre o outro geralmente não aceita um novo par. Na região do Distrito Federal, há registros em todas as grandes Unidades de Conservação como: Parque Nacional de Brasília, Estação Ecológica de Águas Emendadas, Reserva do IBGE, Jardim Botânico, Fazenda Água Limpa e Floreta Nacional de Brasília. Apesar de o Distrito Federal ser um local com muitas visualizações e registros de águias-cinzentas, é de grande importância que se estude mais seu comportamento na região para entendermos mais os males que fazemos a esta magnífica caçadora e quais consequências iremos assumir ao eliminá-la.
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Uma atitude proposta por minha pessoa (Victor Gonçalves de Castro) seria o monitoramento das águias-cinzentas do Distrito Federal para que possamos identificar quais as principais áreas de reprodução e alimentação destas águias. Desta forma, poderemos agir na conscientização dos fazendeiros destes locais para a preservação da espécie, mostrando aos próprios que, apesar de eventualmente um animal domestico ser caçado, o mais importante é que a águia-cinzenta possa estar equilibrando o meio ambiente e evitando que pragas venham a trazer maiores prejuízos para a fazenda, por exemplo: às vezes, ela pode até matar uma galinha da fazenda mas ela dá preferência às presas naturais como um gambá que em um mês viria a matar 10 galinhas. A importância e os métodos deste estudo se resumem aqui, mas um projeto desta magnitude precisaria da colaboração do setor público ou privado.
Texto: Victor Gonçalves de Castro, formado em biologia pela Universidade de Patos de Minas, pós graduado em Gestão Ambiental pela Faculdade de Patos de Minas
Foto: Evando F. Lopes

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